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Poema

O Clube Sofi

O Cigarro de chocolate

Para a despedida

Encontro inesperado

Jantar dos Estudos

                   POEMA                   

A Fábrica e o Cosmos

 
Os seres metálicos
zumbiam incessantemente,
vomitando,
numa sequência matemática,
"rilhotos" fumegantes,
algébricamente iguais,
constantemente,
constantemente...
 
O ar,
ainda há pouco
da clorofila saído,
às garras do fumo ia perecendo,
inocentemente,
inocentemente...
 
Vibrações
agitam a compasso
o paralelepípedo de vidro.
Dentro,
três bípedes,
de estrutura ósseo calcária,
recoberta de milhões de células,
esperam a hora do regresso,
do regresso ao calcário mineral.
 
No espaço infinito,
o planeta azul
gira, gira, sem pensar
que o seu pó
já pensa,
já pensa...
Mas ainda não sabe amar.

Um dia estávamos instalados num pequeno espaço envidraçado (era uma espécie de um paralelepípedo de vidro)  junto à sala de desenho. Aí, António Durval, o Ferraz e outro colega estavam empenhados na procura de um processo rápido de cálculo do preço das peças que iam saindo da fundição injetada para o cliente.
O Ferraz que era o calculador oficial continuava a fazer os cálculos da mesma forma que era habitual.
O António Durval, que pertencia aos estudos, estava a tentar estudar um outro método à base da utilização de réguas de cálculo que utilizavam  os dados fundamentais de cada peça, ou seja: a suas componentes essenciais como o material, o tipo, de fundição utilizada, as operações mecânicas que sofria, etc.. Incluía, também um fator para a embalagem. Era um processo muito rápido, mas com um erro maior no cálculo, mas aproximado.


 

Foi neste contesto que um dia António Durval escreveu um poema. Mostrou-o aos outros dois colegas e eles gostaram.


 

                          O Clube Sofi                         

O "Clube Sofi" já existia quando António Durval já se encontrava a trabalhar na Sonafi. Na altura em que entrou para a Sonafi era o Eng. Pinto de Sousa o seu presidente. Quando houve nova uma data para renovar a direção, António Durval constituiu uma lista concorrente que acabou por ganhar essas eleições. Assim passou a liderar essa coletividade que tentou continuar a desenvolver a sua atividade. Entre outras coisas constituiu uma biblioteca que funcionava no refeitório.

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                O Cigarro de chocolate               

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Naquele tempo havia uns hábitos curiosos. Quando alguém fazia anos, por exemplo, era costume que o aniversariante comprasse uns maços de tabaco e depois percorresse as secções e oferecesse um cigarro (e também o acendia) a cada um dos funcionários da empresa. Era um hábito curioso e que António Durval por um lado aceitava já que era símbolo interessante, mas por outro ele não era fumador e sempre lhe custava um pouco ter de fumar. Então, quando um dia em que fez anos e chegou, portanto, a sua vez de cumprir esse interessante hábito ele teve uma ideia (ele era dos "Estudos"). Nesse ano ele não comprou cigarros de tabaco. Mas ele cumpriu integralmente a sua missão mas os cigarros não eram de tabaco: eram de "chocolate". Todos compreenderam e julgo que alguns passaram a fazer o mesmo... 

                Um jantar dos "estudos"           

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Uma foto de um almoço dos "Estudos" no Resraurante "Medeiros" (16-09-78)

                Para a despedida           

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Quando o meu tempo de serviço, nesta empresa, chegou ao fim tive uma surpresa. Todos os colegas dos estudos do desenho e de muitas outras secções fireram-me uma oferta que ainda guardo na minha casa. Nunca poderei esquecer essa oferta que para mim, é muito significativa. Obrigado, caros camaradas.

              Um Encontro inesperado                

Procurava entre os numerosos apontamentos algumas notícias que ia fazendo ao longo dos anos. Inesperadamente encontrei este que naturalmente coloco aqui já que diz respeito à Sonafi:
 

05-09-2000  (no café “Homem do Leme”)

Vim até cá para descontrair e escrever algo. Estava a ler o jornal quando me surge um vulto aproximando-se. Olho e quem vejo sorrindo. O meu amigo Santos Pereira ex-colega da Sonafi. Eu sabia que ele já estava reformado, mas nunca o tinha visto desde há longos anos. Estava um pouco apanhado pela idade, mas não muito.

Achei curioso este encontro. Gostaria de estar à altura de entender o seu significado subliminar. Como tudo o que acontece na Vida tem significado logo o problema é só da capacidade, ou não, para o descobrir.

Poderia dizer: o passado veio ter comigo. Um passado especial de uma vivência especial - a experiência única da Sonafi. Vim aqui para, nas calmas, pensar sobre problemas como o da Pufoi, o estudo do inglês, ou então sobre a linguagem cifrada da Vida... Aqui neste café, onde um dia também me encontrei com a Margarida que, também, passou pela Sonafi. Tenho filhos a estudar nessa empresa. Que irá acontecer? Seja o que Deus quiser.

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