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O "picho" do meu filho mais novo

Eram cerca das 19:15 horas (04-10-1978) quando atraído pelo azul 

Eram cerca das 19,15 horas (04-10-1978) quando atraído pelo azul maravilhoso dum firmamento límpido, sem névoas e com as estrelas brilhando intensamente, sentei-me no local habitual de observação no meu pátio. A minha mulher tinha saído à mercearia e eu ali fiquei olhando o céu. O meu filho mais novo, entretanto, começou a chorar fazendo perrices com os irmãos e então reparei que o que ele queria era estar com o pai. Como eu só poderia tê-lo sossegado, se ele estivesse comigo, chamei-o para junto de mim. Ele ali ficou sentado nos meus joelhos falando para mim com na sua linguagem de gestos e algaraviada e apontando para as estrelas. Eu perguntei-lhe onde estavam as estrelas e ele logo, pronto, apontou para o céu. Estivemos assim alguns minutos até que, de repente, ele sai de rompante do meu colo e começa a andar para o lado esquerdo sempre voltado para um ponto no pátio (o ponto mais afastado) e a dizer "o Picho", "o Picho". Enquanto ia dizendo isto cada vez ia afastando-se mais do ponto para onde estava apontando. Cheio de curiosidade perguntei-lhe onde estava o "Picho"? Ele continuava a apontar o mesmo local e a dizer - "o Picho", "o Picho". Seguidamente tentei trazê-lo para a zona do pátio para onde ele apontava e foi, então, que ele sem denotar qualquer medo, não arredava porém, o pé do sítio onde estava. Antes pelo contrário pretendia afastar-se cada vez mais. Insisti várias vezes e até forcei um pouco mas o meu filho sempre resistiu. Eu, porém, não via "Picho" algum.

Estava nestas tentativas, quando ele cedeu bruscamente não oferecendo mais resistência. Reparei, então, que ele apontava para o alto dizendo: o "Picho" fugiu! "Picho Pópó"! "Picho" apagou! Embora "Picho"!Eu, mais uma vez, não vi "Picho" nenhum, mas era evidente que ele vira. Ele tinha visto alguma coisa que estava no pátio que o atraiu e a que chamou "Picho".
Porém, de repente, voltei a notar a mesma resistência do meu filho em se aproximar do tal local. Depois, e novamente, ele deixou de oferecer resistência quando voltou a afirmar: - "Picho", fugiu! "Picho", não está. "Picho", pópó. Esta situação não voltou a repetir-se. Mais tarde fiz algumas perguntas ao meu filho como:"- Gostas do "Picho"? Ele respondeu-me com muita convicção: - Sim!"
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O "picho" do meu filho mais novo
(Esta casa foi a que habitei na rua do Centro em S. Mamede de Infesta)
Este caso, como se compreende registei-o na altura num bloco de notas. Era sem dúvida um caso muito especial. Eu não vi nada mas o meu filho mais novo tinha sem dúvida visto. O "Picho", era bem autêntico, verdadeiro. Mas só ele o viu. Porquê?

Naturalmente que só ele o poderia ver. Em parte assisti, também, mas foi só à cena que ocorreu em torno do caso. Eu estava lá. "Ele", o tal "Picho", esteve sem dúvida no meu pátio. Como seria? Como era a sua forma? Confesso que não sei, mas presumo que seria uma espécie de "pópó" nos termos utilizados pelo meu filho. E não foi só uma vez. Foram duas, numa espécie de confirmação para a tal ocorrência.

Este caso acabou por seguir os outros - o tempo passou e acabou por esquecer. A minha vida era muito complicada e eu tinha de sobreviver. Mas claro - escrevi estas notas e agora aproveito para as publicar.

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